Um
novo começo?
Todos que comigo convivem sabem que adoro escrever –
tanto que minha formação acadêmica aconteceu no curso de Jornalismo da
Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero, em São Paulo. E, durante muitos
anos, atuei nessa área profissional até que, nas curvas do destino, minha vida
tomou outra direção. Mas é interessante notar que vivemos situações que,
independentemente de nossa vontade, não conseguimos prever.
Enquanto jornalista, trabalhei na redação da revista
Planeta, da Editora Três, o que me levou a entrar em contato com uma segunda
paixão: as terapias alternativas (ou naturais, ou complementares, ou qualquer que
seja o nome que se lhes dê), esoterismo, ocultismo e outros assuntos correlatos.
Hoje em dia, isso tudo está mais que na moda; mas, à época em que trabalhei na
Três, a Planeta era uma das poucas publicações brasileiras que se atrevia a
tratar desses assuntos – classificados, então, como controversos.
Busca pelo autoconhecimento, tratamentos alternativos,
magia, energia das formas... eram tantos e variados os temas abordados que muitos
“buscadores” se sentiam atraídos por aquelas informações – que, contudo, não interessavam
à grande maioria da população. Eram tempos em que o saber relacionado ao mundo “sobrenatural”
se mostrava mais “esotérico” do que “exotérico”.
Atualmente, ao contrário daqueles tempos, temos
especialistas em áreas antes nem sequer imagináveis pelo grande público. Porém,
com o advento da internet e a consequente globalização das informações, hoje vemos
seguidores de mestres em todos os segmentos: fitoenergia, expansão cósmica da
mente, cura quântica, contatos com outras dimensões, terapia com cristais,
radiestesia, radiônica... e por aí vai.
Não, não sou de modo algum contrária à abertura e
expansão de conhecimentos até bem pouco tempo atrás considerados herméticos,
reservados à iniciação de uns poucos elementos que tinham o privilégio de poder
entrar em contato com realidades desconhecidas pela grande maioria. O que me
deixa estarrecida mesmo é a proliferação de “mestres”...
Como “buscadora” que sou, desde muito cedo alguns
assuntos atraíam minha atenção, sem nem bem eu saber o que realmente procurava.
Lembro de um sonho recorrente, que me acompanhou por um tempo quando eu ainda frequentava
a escola primária (os mais velhos vão entender bem a que estou me referindo;
aos mais novos, tenho de explicar que, ao primário do meu tempo, corresponde
hoje o ensino fundamental).
Sempre que algum fato ou situação me aborrecia durante
o dia, sonhava à noite que estava observando nossa casa do alto dos fios
elétricos que passavam na rua, e não havia jeito de eu descer ao nível do chão –
mesmo que tentasse fazer essa manobra com toda a determinação. Então, por um
tempo, lá ficava eu olhando do alto para nossa casa, sem saber o que fazer naquela
situação.
E outro sonho de que também me lembro tinha a ver com “os
véus de Ísis”, quando ainda nem conhecia essa deusa da mitologia egípcia. Por
isso, trabalhar na década de 80 na revista Planeta foi para mim uma bênção. E
foi também essa a razão de minha vida ter seguido um curso diferente daquele
que eu tinha planejado, quando, em 2006, deixei o Jornalismo para me tornar
massoterapeuta.
Sim, antes de assumir essa mudança me preparei fazendo
cursos de cristaloterapia, shiatsu, quick massagem, massagem e manipulação
quiroprática, auriculoterapia, reiki, e tudo o mais que me possibilitaria me
tornar uma profissional competente. E, durante o período em que exerci essa
profissão, acredito que pude amealhar muita aprovação pelo bom desempenho junto
às pessoas que foram por mim atendidas.
E agora, aos 63 anos, me vejo voltando à paixão
original – o gosto pela escrita –, com o acompanhamento do conhecimento que
consegui amealhar desde os idos tempos quando me reconheci uma “buscadora de
mim mesma”. Desde que iniciei meu desenvolvimento mediúnico – necessidade que
identifiquei aos 16, mas que só comecei a concretizar aos 26 –, foram décadas
de aprendizado (nem sempre da forma mais fácil) sobre “quem sou”, “de onde vim”,
“para onde vou”, “qual minha missão na vida”...
O que pretendo relatar neste blog é somente a
experiência na minha busca pelo autoconhecimento. Não sei se algumas delas
poderão servir para que as pessoas reconheçam o que acontece com elas mesmas.
Nem sei se serão relevantes a ponto de atrair a atenção de muitos interessados...
Só quero que saibam que não tenho a pretensão de me tornar “mestre” de ninguém,
nem guru nem guia nem “servir de exemplo”...
Só quero partilhar com vocês meus medos (muitos dos
quais já foram superados, graças a Deus!), minhas descobertas, minhas dúvidas,
minhas resoluções, meu deslumbramento com a visão desdobrada – não, não “vejo”
nada além da realidade, mas me concentro em admirar o que a vida tem de melhor,
no momento. Enfim, vou procurar mostrar os caminhos e descaminhos que me
levaram a ser quem é Nicéia (eu) no tempo presente.
Será que estou sendo muito pretensiosa? Espero que
não... Mas é que não me sai da cabeça aquele pensamento chinês que diz que o
homem (o ser humano), para marcar sua passagem pelo mundo, tem de ter um filho,
plantar uma árvore e escrever um livro. Bem, ter um filho, não tive; plantar
uma árvore, ainda dá tempo; e, quem sabe, eu possa transformar esses escritos
em um livro... Pelo menos de três, eu ainda posso deixar dois marcos na vida,
né?